Trapaceira, trapaceira

Mas ela é bonita, bonita

Há muito, muito tempo que quero falar de um músico. E há muito, muito tempo ele me faz viajar. Talvez ela seja um dos primeiros caras que realmente me fez viajar na música. Isso por que ele fez um sucesso gigantesco no início dos anos 2000, época em que eu entrava na adolescência e pouco sabia do mundo musical que me esperava. Se eu tinha um mínimo de bom gosto naquele longínquo período foi ter apreciado o som de Lou Bega eu seus mínimos detalhes. Não fiquei só no tal do Mambo nº5 que tanto tocou nas rádios e programas de TV. Fui a fundo na obra do cara. Seu disco de estréia, "A Little bit of Mambo" foi um dos que mais escutei na vida e até hoje carrego com carinho em meu celular. A demora em sua música aparecer por aqui é puramente tola: não é rock. Mas peço licença ao leitor apreciador do gênero para colocar aqui um dos caras mais que mais influenciaram minha vida no sentido positivo da música. Essa canção é do disco acima citado. Segue a letra:




Tricky, tricky
(Bega)

She likes bars she likes diamonds too
She likes stars if they rendezvous
She likes champagne to maintain her style
She likes a man only for a while
She likes access to your bank account
She likes dollars, pesos and British pounds
She likes money only in high amounts
baby is cool she knows what counts

She likes to pay with credit cards
ride expensive cars stays in the president suite
and every day she is looking for a man who gives her more
to satisfy her needs

She is a soulshaker, troublemaker
she is a heartbreaker
undertaker, moneymaker
she is a lovefaker

soulshaker, troublemaker
she is a heartbreaker
undertaker, moneymaker
she is a lovefaker

tricky, tricky - but she is pretty, pretty

I like holidays when there is nothing to do
I like fun for free and an ice cold brew
I like to watch football on TV
I like to sleep and wake up around three
I like to hang out with my boys - making lots of noise -
dancing in a club - there is no choice
she will never understand - that I can't be her man -
I am what I am - so damn

She likes to pay with credit cards
ride expensive cars stays in the president suite
and every day she is looking for a man who gives her more
to satisfy her needs

She is a soulshaker, troublemaker
she is a heartbreaker
undertaker, moneymaker
she is a lovefaker

soulshaker, troublemaker
she is a heartbreaker
undertaker, moneymaker
she is a lovefaker

Tricky, tricky - but she is pretty, pretty

Vamos à andança...

Até hoje, mais de quatro anos depois de criar o blog, ainda sinto uma certa resistência ao fugir do Rock nas postagens. Não é que eu tenha a mente fechada demais ou ache que os leitores a tenham. É que simplesmente gosto de seguir um conceito. Se o conceito do blog foi falar de Rock, tem que ser Rock. É isso. O único problema - e um fator que serve de consolo pra mim em horas oportunas - é que não podemos definir o Rock. É impossível dizer quando o Rock acaba e começa outro estilo. Está aí o funk dos Red Hot Chili Peppers, o samba rock do Rappa, o rap do Rage Against the Machine para provar. Rock sempre foi mistura de ritmos e influências. Seu próprio nascimento foi uma fusão de gêneros anteriores. Tampouco podemos definir Rock por seus instrumentos, como comprova Jethro Tull e sua flauta, Skank e seus trompetes e Doors e sua ausência de baixo. Com base nisso, tomo a licença para falar hoje de Mambo num blog de Rock. Tudo o sei de mambo se resume à um nome: Lou Bega. Nos idos de 1999 para 2000 quando o músico alemão naturalizado americano explodiu nas rádios eu tinha lá meus quatorze anos. Uma das épocas mais felizes da minha vida, sem dúvida. O gosto pelo disco e não só pela música parecia já estar registrado no meu DNA, fato que me fez ir atrás do álbum inteiro de Bega para conhecer o que estava por trás do famoso Mambo nº5. Foi aí que descobri um dos personagens que mais marcou minha vida. Lou Bega foi pra mim não só um bom músico. Foi a inspiração de um bon vivant, malandro cheio de si e conquistador. O tipo de cara que todo caras querem ser amigos e todas as mulheres querem namorar. Resumindo: tudo o que eu queria ser, mas jamais seria. Quando ouvia I Got a Girl e Lou Bega dizia com seu jeito maroto e galanteador: "Eu arrumo uma namorada em todo lugar" parte de mim prometia a si próprio que eu também seria assim um dia. Isso nunca aconteceu. Mas não importa. A energia transmitida pela música dele sempre me fez ativar meu lado viajante, de bem com a vida, sempre disposto a explorar o que o mundo tem de melhor pra oferecer. O lema é como ele diz "Baby, continue sorrindo, afinal, o sol ainda está brilhando". Há uns anos atrás meu irmão costumava dizer: "Não podemos perder a alegria de viver". É esse o espírito aqui, na música do Mr. Bega. Em Tricky, tricky fica claro o quão esse gaiato metido à James Bond pode ser benéfico pros ouvidos. No começo da canção, num ritmo gostoso, dançante - daqueles que combina com praia, drinks com guarda-chuvinha e garotas rebolantes - Bega começa descrevendo uma mulher. Não uma moça qualquer. Aqui trata-se de alguém de gosto refinado. Ela gosta de bares, diamantes, champanhe, dólares, pesos e acesso à sua conta bancária. "Ela está sempre procurando um homem capaz de satisfazer suas necessidades". Numa virada ótima, Bega canta, acompanahdo de seus backing vocals: "Ela sacode almas, cria problemas. Ela é uma destruidora de corações, uma agente funerária, fazedora de dinheiro. Ela é uma amante fingida". O detalhe sensacional é a rima precisa: todas palavras terminam com "aker" o que cria uma viagem ainda mais intrigante. Ao término dessa descrição tão precisa ele complementa com o melhor verso da obra: "Ela é trapaceira, trapaceira. Mas é bonita, bonita". No inglês soa melhor: "She is tricky, tricy. But she is pretty, pretty". A graça toda está aqui. Sabe-se lá como o cara acabou conhecendo uma mulher dessas. Provavelmente mérito de sua lábia e desenvoltura. Mas mesmo ciente do perigo nessa relação com uma mulher tão materialista, o cara assume que pode cair na armadilha dela à qualquer momento. Isso está claro no verso "mas ela é bonita". É coisa de homem. Difícil explicar, mas mais é difícil resistir à uma mulher bonita. O próprio BB King disse: "Não posso quebrar as regras: todo homem é um tolo na mão de uma mulher". Lou Bega não é exceção. Provavelmente ele até gosta disso. Está claro no sorriso enquanto canta. Afinal, para ser um bon vivant é preciso assumir alguns riscos, mesmo que seja perder todo o dinheiro na mão de uma ricaça. No final das contas, se tudo der errado, virará mais uma história de bar entre os amigos. Mais risadas. É por pensamentos assim, nunca preocupados, sempre desfrutando o que há de bom no momento, que Lou Bega merece seu espaço aqui ;)

Nunca ouviu?

A música é grudenta, grudenta. Mas é boa demais! Escute:

Comentários

Ana Cristina disse…
Ótimo o Lou Bega,!
E depois de ler seu texto, sempre excelente,tambem comecei a refletir o significado do Rock n'Roll. Viajei até os anos 40 quando o dj Alan Freed começou a usar e expressão para juntar blues, country, soul em seus programas de radio.
Andei tanto no tempo que encontrei, em 1922, a cantora Trixie Smith, usando a expressão, em uma de suas musicas, pela primeira vez. Entretanto, o que mais gostei estava num artigo que definiu o rock n'roll como a " música da liberdade". Portanto, o rock pode abraçar tudo!
Anônimo disse…
Que NUNCA percamos a alegria de viver! Rs Nunca... Alegria SEMPRE !
Abs mlk!

Excelente post e dá-lhe Lou Bega ! Top d+++ !

Abs,

Fabio Brother
Andarilho disse…
Tia Ana, é bem por ai mesmo. O ROck é tão complexo que é até dificil saber onde começou exatamente, masno que dá pra saber é que ele foi o responsável por misturar tudo o que tinha de bom rolando mesmo. Essa de 1922 eu nao sabia! Muito show a informação.

Fabão, é isso ae brother, eu tenho q te agradecer por ter comprado o Disco do Mr. Bega qdo éramos moleques, hahahahaha

Abssss
Andarilho
Renato Perazza disse…
Melhor ainda é botar esse som no carro, indo pro Rio de Janeiro